Em 11 de outubro do ano passado, o jornal Folha de São Paulo, na página 5 do Caderno Mais, publicou artigo do psicanalista e professor Joel Birman intitulado OS NOVOS DEPENDENTES, tendo como subtítulo: Confusão entre os conceitos de depressão e melancolia pode tornar o indivíduo “escravo” do mercado farmacêutico.
Não consegui o link para a reportagem que é um alerta para o diagnostico intempestivo de depressão e uso generalizado de antidepressivos em situações, usuais na vida de qualquer um de nós, nas quais não caberiam o diagnostico nem o tratamento farmacológico.
Abaixo transcrevo dois parágrafos da referida publicação:
· “Quanto ao Brasil, o discurso psiquiátrico retomou midiaticamente o enunciado pertinente de Caetano Veloso – de que de perto ninguém é normal – para propor a otimização de antidepressivos para todos, pois a tristeza poderia se camuflar de maneira incipiente nas pequenas dobras do espírito e ser, assim, preventivamente debelada em estado nascente.”
· “Misturar essas diferentes cartas do jogo psíquico, com o nome de depressão, é nos destinar a todos à condição de escravidão no mercado da medicalização contemporânea.”
Vejo frequentemente, na lida diária, pessoas deixarem o uso de medicamentos por mudarem a maneira de olhar para o ‘momento’ que estão vivendo, outras por alterarem conceitos pré-estabelecidos para a própria vida, outras por adotarem mudanças simples no trabalho ou no ambiente familiar e outras ainda por simplesmente introduzirem momentos de lazer e/ou exercícios físicos em suas vidas; todos esses casos tornam evidente o equívoco do diagnóstico e o conseqüente uso inadequado de medicação e reafirmam minha convicção na validade do dito popular “Quem canta seus males espanta”.
Verdade é que em muitos casos o sofrimento psíquico persiste independentemente da alteração de conceitos e condutas, acredito que a maioria desses se resolva com terapêuticas menos agressivas: Psicoterapia, Acupuntura, Fitoterapia, Terapias corporais, Homeopatia... Permanecendo a indicação dos medicamentos psiquiátricos para casos refratários e/ou que cursam com outras patologias tornando o caso mais urgente; mas sempre a premissa homeopática: Em primeiro lugar afaste os fatores de adoecimento, se não for o bastante administre o tratamento menos agressivo possível.
Mas para que isso aconteça é necessário que antes de qualquer conduta terapêutica os sentimentos e queixas sejam contextualizados; que sejam esclarecidas as circunstancias que propiciaram seu surgimento, que sejam medidas suas intensidade e duração e avaliadas as alterações provocadas no comportamento psicofísico do sujeito, pois após perdas importantes e em situações de difícil solução o desconforto psíquico é antes sinal de saúde que de adoecimento.
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